sábado, 23 de agosto de 2014

Amadureci

A cada novo amanhecer a vida se transforma
E uma nova paisagem minha alma adorna
Minhas células ganham novas texturas assim como meus pensamentos
Não mais se ligam no todo, absorvem apenas momentos
Pequenos focos de profundas mudanças
Reflexo de todas as minhas andanças
Nuances gigantescas de aprendizado e compreensão
De que um dia some o tesão
E a vida lhe encara com a certeza da maturidade
Que sem medo e com muita determinação seu mundo invade
Genuína esperança brota então em minha alma
Com calma e paz vou semeando para um longínquo porvir
Aguardando em seu tempo cada botão florir
Embelezando o caminho
Espalhando aromas em meu ninho
Regando jardins nunca visitados
Aguardando pessoas cujos nomes nunca ouvi
Amadureci
A meus pés caíram os frutos que nunca gerei
Em meus braços redes de tramas que conquistei
Esqueci meus desejos em algum lugar
Não me importa mais quem vai olhar
Julgamentos e decisões prefiro não tomar
Porque estou apenas dando passos pequenos, um de cada vez
Comemoro cada folha que cai, cada estrela tem sua vez
E ainda vejo brilho em minha alma
Ainda sinto sangue em minhas veias
Ainda sofro e choro na minha sensibilidade
Ainda sei além, mais do que queria
E minha alma sorri
Pelo que fui, pelo que sou, pelo que serei
Sei que sempre agradecerei
Porque nasci e pude ser poeta
Plantei sonhos e realizei metas
Um dia que somente o oculto saberá
Meu corpo transcende, nada restará
Ficarão vocês com minhas poesias
Marcas que deixei enquanto passava meus dias







Pedaços de mim


Em mim faltam dois pedaços
Porções exatas de todo o Amor que tenho
Um pedaço de lua, da prata de minha mãe.
Um pedaço do sol, do dourado de meu pai.
Pedaços que não substituo
Não esqueço
Que fazem buracos abismáticos
Vazio que dói no fundo da alma
Sem calma, sem tréguas, sem dó.
Um poço profundo do qual eu não vejo o fim
Mesmo sabendo que a vida não finda
Que o amor permanece
Que a alma e o amor transcendem
E que os verei novamente
Existem dias em que os pedaços de mim
Que não mais possuo nesta existência
Gritam por mim... Lá onde estão
Ou eu grito por eles deste meu porão
Até sentir um portal de luz se abrir
E a alegria voltar
Iluminando o altar da esperança
De que meus pais estão bem
Felizes, olhando por mim, por nós
Num plano de existência sem fim
Aquele do qual viemos
E pra onde retornaremos
Sementes que somos