segunda-feira, 23 de abril de 2018

AS FOLHAS DO OUTONO





São amareladas como páginas de um livro bom herdado de geração em geração, trazendo memórias e lamentos.
São envelhecidas no tempo do aprendizado e têm a certeza da missão cumprida.
São enrugadas e tortas pelas várias experiências de vida, de luta , de coragem, de fé, de busca e de vitórias na caminhada da evolução.
São preciosidades na árvore do aprendizado, valiosas no galho do exemplo, luz no vale das sombras.
Mesmo assim e, apesar de tudo, as folhas do outono se desprendem de suas famílias, de suas histórias, de seus amores.
Elas partem sem olhar para trás, sem apego, sem tristeza, diria que com certa alegria de aventureiro, como brisa no verão.
Se jogam, mergulham de cabeça na direção do desconhecido, ao sabor do vento, entregues e plenas.
Vão se deixando levar, caindo lentamente sobre aquele lugar.
Lugar que o Universo sabiamente definiu para o seu pouso seguro, lugar acolhedor que promove uma comunhão de corpos, almas e corações.
Uma união perfeita onde dois se transformam em luz, onde tudo é transmutado, transformado, abençoado e energizado.
Lugar onde as sementes são geradas.
E a folha não é mais folha.
E a terra não é mais terra.
E a decomposição vira poesia.
E do todo advém o UNO.
E a vida continua.

Poesia de Mônica Losso em 23 de abril de 2018.